António Rodrigues Cecílio - O Correeiro
Desaparece um dos mais antigos símbolos do comércio tradicional de Ansião |
Com 92 anos feitos no dia 25 de Janeiro, o sr. António Rodrigues cansou-se de viver, ao cair da tarde do dia 3 de Junho. Regressando a casa, depois de mais um dia na sua loja, ali bem perto dos edifício da Câmara Municipal, uma névoa mais escura lhe terá passado pela cabeça e, num gesto lamentável, caiu a um poço, perto de sua casa, no Bairro de Sto António. Caberá ao "Justiceiro Mor" analisar se este acto foi premeditado ou se foi um acto casual, por falta de medidas próprias de segurança, ao abeirar-se do poço. |
A realidade é que desapareceu o Correeiro, homem que, em mais de 50 anos, se entregou à sua loja de alfaias agrícolas manuais e aparelhos para animais de carga. Uma enxada, um sacho, uma foice, um espeto, uma faca, um cabo, uma pedoa, uma corrente, uma ratoeira, sei lá? Aquelas coisas que o "antigamente" nos deixou e que, quer queiramos quer não, lá chega a hora de nos fazerem falta. Ainda há pouco ali restava a tabuleta da paragem do autocarro, sinal de que também ali já teria sido a "agência das camionetas". |
Também eu por ali passava diariamente e não deixava de o cumprimentar, mesmo que, por vezes, não obtivesse resposta, face à sua relativa surdez. Agora a porta fechou-se. Por acaso ainda há pouco tinha obtido uma sachola para cortar umas ervas. Mas ainda me hei-de lembrar muitas vezes da loja do sr. Rodrigues. O ano passado passámos algum tempo a conversar. Aqui deixo, em gesto de homenagem, o vídeo dessa conversa. |