O Moinho dos Olhos de Água vai ser requalificado
Por aqui passavam as primeiras águas que do Rio Nabão brotavam.
A nora rodava, e o seu rodar se transformava em força motriz giratória, fazendo mover todo o sistema de vielas e manivelas...
Do moinho, as paredes já tombaram.
Grossas, construídas com a robustez da pedra das Serras de Ansião, que não teve força para se defender das garras da máquina "lagartixa"...
...que, em dia feriado, espreita o petisco apetitoso - um velho lagar, onde o bacalhau à lagareiro já foi história.
É a firma Aquino & Rodrigues, SA que está incumbida, pela quantia de 2.171.001,00 Euros, reabilitar esta preciosidade, ali humildemente escondida entre grossas paredes, ao longo dos tempos.
Aqui, o IC3 quase que queria interromper o destino do Nabão. estas manilhas tornam-no, de certa forma, um rio dom o cordão umbilical forçado... quase estrangulado...
Viramo-nos e voltamos ao lagar....
E, como um sonho, admiremos as máquinas que os nossos técnicos de outro tempo, da firma Duarte Ferreira & Filhos, tão bem sabiam construir, ali para os lados do Tramagal...
A força motriz, vinha da força da água, transformada pelo movimento da nora e que se transmitia a estas roldanas, às quais se ligavam grandes correias.
Que se iam ligar a um sistema geral, que posteriormente, distribuia a força às restantes máguinas.
Quando a água faltava, aparecia o motor que substituia a nora...
Mais tarde, também o motor eléctrico veio ajudar...
E, chegada a azeitona, todo um sistema de mecanismos, mós e prensas, faziam brotar o óleo que servia para a candeia e para o prato. O azeite da nossa terra, das nossas serras de Ansião.
Depois de prensado todo o bagaço da azeitona, era aqui que finalizava o circuito do azeite. Estas talhas guardavam o precioso óleo, que era, posteriormente levado ao seu destino, em vasilhas ou odres.
Abeiro-me da janela que ainda resta , virada para o rio...
E vem-me à memória as canções de Ansião....
.... à noitinha o Nabão, a murmurar no escuro....
...Deslizando mansamente... beijando teus pés...
Ansião! O teu nome tem história!
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António Simões, 2Nov2006