As empresas do sector afirmavam-se também abertas ao diálogo e admitiam nomear um representante para participar nas reuniões que a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) vai ter hoje e amanhã com o ministro dos Transportes, Mário Lino. «O Governo apenas envia força em vez de nos enviar soluções ou sugestões», afirmou o porta-voz do movimento, queixando-se de que «continua inflexível sobre o preço do gasóleo», uma das principais reivindicações. Durante a madrugada de ontem, alguns dos elementos que organizaram a paralisação deram por findo o protesto, o que foi respeitado por alguns dos piquetes, contudo, pouco tempo depois, já os principais cruzamentos estavam novamente devidamente “guardados”, como aconteceu na Figueira da Foz e em Condeixa, onde houve uma desmobilização cerca das 6h35 da manhã, que apenas teve utilidade para três camionistas que conseguiram arrancar. Noutros pontos, como o nó de Miro do IP3, em Penacova, os protestos mantiveram-se, sem que qualquer camião pudesse arrancar, situação muito visível no IC2, aos Fornos (Coimbra), onde ninguém arredou pé. Aparentemente, como o Diário de Coimbra pôde observar, uma boa parte dos camionistas que ontem se mantinham parados nos Fornos estava ali contra a sua vontade, ao contrário do que afirmam os organizadores do protesto. Sempre foi dito que quem quisesse parar, parava, e quem quisesse continuar a trabalhar, continuava, mas a realidade contrastava ontem e também na véspera com as palavras de muitos camionistas, que afirmavam não se importar de fazer greve, mas não obrigados pelos piquetes. A reportagem do nosso jornal foi ontem abordada por vários motoristas que pretendiam ver reflectida a “sua verdade” nas páginas do jornal, acusando os membros dos piquetes de estarem a mentir quando dizem aos jornalistas haver possibilidade de escolha. O apedrejamento de dois camiões, ontem de madrugada na A1, na zona de Ega, Condeixa, - sem que tenham ficado feridos os camionistas - poderá levar a pensar que existe alguma intransigência por parte dos manifestantes. Da mesma forma como se torna suspeito que camiões que trabalham para a empresa Jerónimo Martins, abastecendo os seus hipermercados, tenham sido atacados depois deste grupo económico ter recorrido à GNR para fazer entrar uma coluna de veículos na Grande Lisboa. Neste caso, o vidro de um veículo foi estilhaçado, em Pombal, enquanto o camionista dormia no interior, tendo-se também verificado um incêndio noutro camião estacionado no parque industrial de Ansião, com os elementos do piquete a negar qualquer tipo de envolvimento no caso. José Carlos Salgueiro |