![]() | O movimento Porta 65 Fechada contesta as alterações à legislação sobre bonificação de arrendamento para jovens, e por isso saiu ontem à rua, desfilando entre a Praça do Rossio e o Terreiro do Paço, em Lisboa. Duarte, 29 anos, e Sofia, 28, vieram de Ansião para se juntar ao protesto. "Pagamos 225 euros por um T1 e na nossa terra a lei só beneficia quem tiver uma casa por menos de 150 euros", contam. |
As minúsculas casitas de cartão, postas no chão, representam o protesto que ali une não mais de centena e meia de jovens. Uns solidários, outros porque o "erro" lhes doeu na pele. O movimento Porta 65 Fechada contesta as alterações à legislação sobre bonificação de arrendamento para jovens, e por isso saiu ontem à rua, desfilando entre a Praça do Rossio e o Terreiro do Paço, em Lisboa, com palavras de ordem de protesto contra o afunilamento da elegibilidade aos benefícios públicos para pagar renda de casa.
Os activistas, que se conheceram na blogosfera, ultimam os cartazes com palavras de ordem como "Mãe, Pai, voltei", numa alusão às dificuldades em pagar a renda, que alguns "resolvem" com um regresso à casa de família. É o caso de Sara, 23 anos, que divide um apartamento em Lisboa com mais três amigas. Paga 800 euros, o que é mais do que o tecto previsto na nova lei. Por isso deixou de receber subsídio. "Já pensei em voltar para casa dos meus pais, só que é complicado, não me dou bem com eles", queixa-se.
Duarte, 29 anos, e Sofia, 28, vieram de Ansião para se juntar ao protesto. "Pagamos 225 euros por um T1 e na nossa terra a lei só beneficia quem tiver uma casa por menos de 150 euros", contam. Carlos e Catarina, ambos com 28 anos, vivem em Carnaxide e perderam o subsídio. Adoptaram uma criança em risco, há pouco tempo, mas o subsídio foi-se. Sempre pela mesma razão. "A lei não permite rendas tão altas como a nossa, mas não conseguimos encontrar mais barato", explicam.
No meio da manifestação, a única figura pública que se vislumbra é Helena Roseta. Explica ao DN que esteve "na génese desta legislação", que se transformou posteriormente "numa política estúpida". "O programa [de apoio] foi mal concebido, a ideia é boa e a concretização é má", afirma. Na base do problema está "má informação estatística para definir os tectos de auxílio, que não coincidem com a realidade", explica a vereadora. E nem sequer se trata de cortes orçamentais, já que "o Governo tem dinheiro para fazer face a 15 ou 20 mil processos, mas só recebeu pouco mais de 3000". O movimento, a que entretanto se juntou, já foi recebido pelo secretário de Estado [da Habitação] "que disse que está a proceder a uma avaliação".
No Terreiro do Paço, os manifestantes "enterram" simbolicamente a porta que lhes prometeram abrir. O tal programa, de nome Porta 65, que o Governo está agora a reavaliar.| |