Avelar - Presidente da Junta de Freguesia sente-se ‘impotente’ perante a insegurança
Instalar a GNR em Avelar ‘foi uma luta inglória’ |
Nos últimos tempos, com especial ênfase no final do ano passado e no início deste, a vila de Avelar (Ansião) tem registado alguns furtos e assaltos. A população sente-se cada vez mais insegura exigindo mais e melhor patrulhamento à vila, sobretudo à noite, quando ocorrem a maior parte dos casos. O presidente da Junta de Freguesia, Fernando ‘Barbosa’, que durante anos acalentou o sonho da instalação de um Posto da GNR em Avelar, já está resignado com tanto problema a quem ninguém parece querer por cobro... Segundo o autarca avelarense a situação chega a ser confrangedora já que “quase todos os dias há pessoas que - por vezes acintosamente - se abeiram dos elementos da Junta no sentido de questionar o porquê destes acontecimentos, como se nós fôssemos polícias”. Embora Fernando ‘Barbosa’ compreenda “a preocupação das pessoas”, tem-lhes feito ver que “também nós - Junta de Freguesia - nos preocupamos, mas somos completamente impotentes para resolver o problema”. O EDIL RECORDA que “só nos últimos dois meses em Avelar, houve casas assaltadas duas e três vezes de noite e até em pleno dia”, enaltecendo que até assaltos à mão a armada já aconteceram. “Quando um funcionário de uma empresa é amarrado e ameaçado com armas de fogo; quando carrinhas estacionadas, carregadas com artigos de vestuário são totalmente ‘limpas’ várias vezes, quando um estabelecimento é assaltado duas vezes em outras tantas semanas por arrombamento de portas, a situação torna- se muito gravosa”, diz agastado. Isto são só alguns dos últimos furtos, mas Fernando ‘Barbosa’ lembra os “múltiplos assaltos numa empresa que embora não esteja em actividade, possui nos seus armazéns mercadoria suficiente para ir aguçando o apetite aos amigos do alheio, e por isso nestes últimos dois meses foi arrombada duas vezes. Isto para não recuar algum tempo, relativamente recente, em que até cenas de tiro para as janelas dos apartamentos se verificaram, pessoas na rua ameaçadas, a própria sede da Junta assaltada duas vezes, o edifício do Mercado já umas três vezes, enfim...”. FERNANDO ‘BARBOSA’ lembrou também a propalada história do Posto da GNR para Avelar. “Foram um trabalho e uma canseira enormes ao longo destes anos. Desde deslocações a Lisboa para reuniões com Secretários de Estado nos gabinetes do Terreiro do Paço, encontros com ministros em deslocações no distrito de Leiria, etc., etc., até que, em determinada altura, vi finalmente consagrada no PIDDAC uma verba”, refere, dizendo depois que a alegria durou pouco. “Foi sol de pouca dura. Cai um Governo, entra outro Governo, e cai o Posto da GNR de Avelar. São lutas inglórias que destroem sobremaneira a nossa personalidade. São como que desaires que ofendem o nosso ser. Leva-nos depois a repensar se teria valido a pena tanta canseira, tanta luta, tanto tempo perdido”, afirma. O autarca, resignado, considera que agora “somos tidos pela generalidade da opinião pública por inoperantes, incompetentes, gente sem interesse pelos dissabores desta população de Avelar, isto só porque nos encontramos numa terra ao Deus dará, sem rei nem roque”. Sem ‘papas’ na língua ‘Barbosa’ diz que “Avelar está transformado numa verdadeira anarquia, um oásis para os fora-dalei”. De quem é a culpa, perguntamos. “Minha não é de certeza. Mas estou em querer, que ela um dia - a culpa - não vai morrer solteira. Dê-se tempo ao tempo”, assinala enigmático. QUESTIONADO sobre as queixas que os habitantes e comerciantes fazem sobre o alegado escasso patrulhamento à vila e a opinião generalizada que a sua vinda tem como principal motivo a ‘caça à multa’, o presidente da Junta é sintomático. “Essa imagem não deixa de ter alguma lógica, já que, num passado recente os agentes da GNR que para aqui se deslocaram com alguma assiduidade, deram aso a isso, porquanto, postaram-se ali, nas imediações da Igreja, na Praça Costa Rego, e efectivamente, cumprindo a Lei, como quem diz, as regras de trânsito, penalizaram quem prevaricou essa Lei. Até aqui tudo bem, já que as regras são para cumprir, mas isto durante o dia não encheu o olho aos comerciantes” afirmou salientando que “eles não viram foi nesta actuação da GNR, qualquer coisa que lhes garantisse que os larápios à noite não lhes vinham arrombar os estabelecimentos.” Então o que é que se pretende? “Pretende- se que o policiamento durante a noite seja mais constante, para dissuadir os assaltantes”. Sem querer com isto dizer que os assaltos acabem, o edil acha que a situação mudaria de figura, já que é do conhecimento público que “em Avelar os ladrões actuam mais à vontade, porque sabem que não existe policiamento adequado”. Fernando ‘Barbosa’ termina dizendo que à Junta não resta mais nada a fazer. Pedido o aumento de patrulhamento nocturno, “a Junta já fez o que acha ser a solução, neste caso as demarches no sentido de colocar em Avelar um Posto de Guarda Nacional Republicana”. ENTRETANTO, em declarações recentes à Comunicação Social, o Comandante do Destacamento Territorial de Pombal da Guarda Nacional Republicana minimizou a situação dos diversos assaltos ocorridos na vila de Avelar, nomeadamente em estabelecimentos comerciais. Para Hugo Carneiro tratam-se de “alguns furtos contra bens patrimoniais” que levaram a GNR a “implementar algumas medidas de segurança”, que “por razões óbvias não podem ser tornadas públicas”, adianta. Aquele comandante refere, ainda, que as situações verificadas “não constituem perigo nem ameaça para as pessoas”, até porque no seu entender “tratam-se de situações isoladas”. No entanto, para Hugo Carneiro, “é necessário que a GNR conte com algum auxílio e compreensão por parte das pessoas de Avelar”. EMBORA o ritmo de assaltos tenha baixado consideravelmente neste início de ano, ocorreu uma situação caricata numa loja de decoração e artigos em tecido em Avelar. A dita loja foi assaltada por arrombamento da porta no dia 5 de Janeiro e do seu interior foram levados mais de metade dos artigos, desde edredões, lençóis térmicos e muitos outros produtos, com valor estimado em 15 mil euros. Na semana seguinte, quando os proprietários se preparavam para instalar alarme, os larápios anteciparam- se e voltaram a esvaziar a loja, actuando da mesma forma. Um duro rombo no orçamento do casal proprietário, que tem uma loja do género em Figueiró dos Vinhos, que tem escapado ilesa, pese embora duas tentativas de roubo. Agora a loja de Avelar esteve fechada mais tempo e só reabriu já com grades e alarme. “Talvez agora com todas estas medidas nos deixem em paz”, afirmou o proprietário que enquanto esteve fechado colocou um grande aviso na montra dizendo: “fechado por motivos de assaltos. Não se aguenta tanto ladrão”. O casal tomou ainda outra iniciativa, elaborando um abaixo-assinado que reuniu mais de uma centena de assinaturas entre populares e comerciantes. Nesse documento, que foi entregue ao Governador Civil de Leiria, também ele avelarense, os visados reclamam “que se olhe para esta localidade e para a sua segurança”, considerando “o aumento latente da insegurança a todos os níveis, com assaltos constantes”. Os proponentes consideram ainda “que não se compreende que a GNR de Alvaiázere venha patrulhar a nossa vila, não que não desempenhem bem o seu trabalho, mas porque são poucos para dois concelhos de tão grande extensão territorial”. Os comerciantes consideram ainda “que deveria haver mais patrulhamento durante a noite e não tanto durante o dia, onde o sobressai o facto de autuarem as pessoas (apesar de também ser preciso às vezes)”. AINDA EM JANEIRO registámos em Avelar outras ocorrências contra bens. Fernando Simões, engenheiro civil naquela vila deparou-se com o seu carro vandalizado mesmo em frente ao seu escritório. Trabalho perpetrado ou mera maldade de crianças, fica a dúvida... O certo é que o jeep foi riscado com uma lata de spray e isso vai custar uma pintura nova ao dono. Já há alguns meses haviam sido vandalizados os mupis e algumas paredes na Praça Costa Rego com uma espécie de graffitis e palavras menos próprias, mas não é crível que os delitos estejam associados. Os muros continuam “sujos” pelas pinturas de spray... Já no dia 20 de Janeiro, António Coelho deparou-se com a sua carrinha de mercadorias vandalizada. O veículo ficara estacionado na rua, junto ao Largo das Figueiras e durante a noite terá sido atingido de forma violenta. O vidro frontal foi partido tal como os espelhos, e os pneus foram esvaziados e cortados. Prejuízos avultados, ainda por cima porque o seguro que tem não cobre este tipo de danos. António Coelho mostrase ainda desagradado com a acção da GNR de Ansião, onde apresentou queixa. “Perguntaram- me se tinha provas de quem tinha sido e como não tínhamos nem sequer vieram ver os estragos”, afirmou. |
in: Jornal regional, 5Fev08 |